terça-feira, dezembro 13, 2011

Dirigentes, empresário, marketing e imprensa

Conversando com um amigo que trabalha com marketing esportivo, há uns dias atrás, pude confirmar o que todos nós já suspeitamos há tempos aqui. Sim, pessoal, é muito comum dirigentes terem relação promíscua com a imprensa, utilizando seus amigos sempre que necessário para fazer correr boatos em torno do clube. São trocas de favores que envolvem convites VIPs, viagens pagas, informações privilegiadas, etc.

Isso é feito tanto por dirigentes, quanto por empresários. Não é uma novidade, mas achei importante confirmar que não eram apenas suposições ou teorias conspiratórias. Isso mostra o quanto a imprensa (acredito que de modo geral) é de péssima qualidade e que age até de má fé, publicando boatos que sabem ser falsos na origem. Uma pena, mas é a realidade.

Outro assunto interessante na conversa foi sobre o marketing nos clubes. Perguntei ao meu amigo se ele concordava comigo de que o nível do marketing no Brasil é muito ruim e ele disse que sim, era mesmo, mas que não era apenas um problema de capacitação das pessoas envolvidas com o marketing dos clubes, mas um problema estrutural mesmo, mais profundo. Alguns aspectos que me explicou:

Fornecedoras de material esportivo. Normalmente, estas empresas trabalham com sua produção no limite. Por exemplo, algumas fábricas ficam no interior da Bahia, cuja produção deve suprir times do sudeste e do sul do país. Tais fábricas simplesmente não tem condição de aumentar a produção para, por exemplo, aproveitar uma onda positiva do time ou de um jogador. E a coisa às vezes é tão caótica que até enviar material de um clube para outro, acontece.

Recorrer a terceiros. Lembram do caso Damião? Eu não achei a camiseta para vender em nenhum site. Talvez tenham vendido na loja, não sei. Mas segundo meu amigo, provavelmente o Inter tenha recorrido a um fornecedor menor, que muitas vezes não tem mais que 500 camisas brancas e/ou vermelhas disponíveis. Isso, se a Rebook permitir, pois o contrato em geral reza exclusividade e essas negociações são em geral muito difíceis e delicadas. Muitas vezes a ação de marketing morre no nascedouro, simplesmente por não ter como realizá-la.

Amadorismo dos dirigentes. Por fim, há ainda que lidar com pessoas completamente incapazes de ter uma visão a médio ou longo prazos, o que não é novidade no futebol. Portanto, é difícil criar, planejar e executar ações realmente interessantes, pois os dirigentes querem coisas "pra ontem" e normalmente não entendem bulhufas do assunto.

No mais, ele disse que o marketing do Inter, apesar de tudo, é certamente um dos melhores do país, principalmente a campanha de sócio-torcedor.

Sim, acredito que isso é verdade e vale a pena ressaltar isso. Mas não sei se isso é pra comemorar ou pra chorar, o fato de sermos reis de um olho só em terra de cego.