23 Meu caro amigo Sergio Couto

Escrito por Diana Oliveira

Mando-te, através destas linhas, notícias do Beira Rio.
Estes campos andam castigados pela confusa e instável atuação de nossos jogadores.
Atribuem-se aos mais diversos culpados a nossa falta de sucesso, desde o presidente, passando pelo técnico, esticando ao capitão e terminando no goleiro, que após o grenal herdou o estigma de mordomo do futebol, que normalmente é dado ao juiz. O mordomo é sempre o assassino, o culpado é sempre o juiz, mas agora é o Renan...

Caro amigo, apreciadora de tua capacidade intelectual para aprofundar-se nas questões subjetivas, tenho pensado muito no termo paradoxo indecifrável, tal como alguém que paralisa em frente à pessoa amada por mais que sinta desejo de movimento está a condição de que apesar da enorme rivalidade estampada em tudo que envolve o clássico gaúcho, a zaga colorada permaneceu estática diante das bolas aéreas alçadas em nossa área, até que tomamos um gol.

Também conhecendo-te, lembro com emoção que só invade a mim e aos demais que são colorados, de tua fala em tom poético determinante, quando no dia chuvoso, frio e mais importante pra todos nós, disseste algo que talvez eu não saiba agora reproduzir com precisão, mas que registra a relevância de tuas palavras: contrariando o poeta Vinícius de Moraes, tristeza não tem fim... acabou a tristeza colorado, pode comemorar... E assim fomos campeões da América.

Mais tarde ainda transformamos a Terra em Marte, pelos pés de, quem diria, Gabiru.

Tudo isso aconteceu conosco e apesar de parecer desviar o foco inicial desta missiva, que são notícias do Gigante, reflito junto a ti, meu grande amigo, e pergunto: se alguém nos desse a opção de escolha entre vencer Libertadores, Mundial, vice Campeonato Brasileiro em 2006, para ter de 2007 a Recopa como única conquista expressiva; ou vencer apenas o brasileirão de 2006, para ostentar o primeiro disparado lugar na tabela do mesmo campeonato esse ano, que escolha um colorado faria?

À quem responder que gostaria de ter todos os títulos, digo o que tenho certeza tu também dirás, acorda meu filho, não se pode ter tudo na vida.

Mas te trago notícias sim, escritas por nosso amigo Chico... Buarque:
Aqui no Inter tão jogando futebol.
Tem muito samba, muito choro e rock'n'roll.
Uns dias chove, noutros dias bate sol.
Mas o que eu quero é lhe dizer que a coisa aqui tá preta...

Despeço-me desejando nada além do teu merecimento, que é sucesso. Deixo no espaço que preencho por aqui a indicação do teu excelente PROGRAMA DAS SETE, na Rádio Guaíba AM 720 kHz, trazendo hoje uma entrevista com o historiador e deputado Raul Carrion, que nos apresenta neste vinte de setembro uma visão bastante interessante da Revolução Farroupilha.

Como de costume, Flores Belas, de Tim Maia, promove a abertura do programa. O mesmo saudoso síndico que através de uma das tantas inesquecíveis canções me incentiva a te recordar, após teu compromisso intransferível diário, sei que precisas mesmo é ver minha amiga Cristina, tua menina.

Grande abraço.